Uma diabética no frio do Chile

Mais um destino de uma diabética viajante: Chile.

valle nevado

Peguei minha malinha e parti para o Chile, com o objetivo principal de conhecer neve!
Eu nunca havia conhecido neve, geralmente as viagens que faço são para lugares quentes ou em épocas quentes, como no verão, por exemplo. Por isso, o sol é sempre um companheiro de viagem.

Fui para o Chile na primeira semana de outubro, na primavera, ou seja, fora da temporada de neve no local, que acontece no inverno, principalmente nos meses de julho e agosto. Cruzei os dedos e contei com a sorte de chover na Cordilheira dos Andes um dia antes da data de minha viagem. Assim, saí de casa com a certeza de que veria neve, e vi!

Nessa viagem, tive mais um companheiro: o Libre. Foi a primeira vez que viajei para fora do país com o Libre. Em 2015 viajei com o Enlite, mas com o Libre era a primeira vez.

Levei meu kit de sobrevivência de sempre: dois frascos de insulina com gelo reutilizável dentro da bolsinha térmica, 8 unidades do conjunto de infusão (cateter), 8 reservatórios, aplicador, uma cartela de pilha AAA, seringas e um sensor novo do Libre. Isso tudo para ficar no país por 7 dias. Levei tudo na mala de mão e passei pela imigração sem problema algum. Na bandeja, antes de passar pela porta de detector de metais, sempre deixava meu celular, passaporte, relógio e o aparelho leitor do Libre. Bomba e Libre ligados e funcionando o tempo todo.

De BH a Santiago devo ter gasto mais ou menos umas 8 horas de viagem. Então a insulina sobreviveu de boa, até porque eu já tinha passado por uma experiência de 9 horas de viagem de BH a Brasília, que se você ainda não leu, é só clicar nesse link aqui.

Do avião, avistei a Cordilheira dos Andes, coberta de neve! Chegando em Santiago, o clima era outro, apesar de estarmos na primavera, fazia muito frio pela manhã e à noite, e na parte da tarde era um calor danado.

Dia 1: conhecer neve! Hahaha. Já que o objetivo era esse, por que postergar, não é?! Fomos a duas estações de esqui, que estavam fechadas, já que, como eu disse, a temporada já havia passado. A primeira parada foi Valle Nevado, que foi onde aconteceu o real contato com a neve.

diabetica no valle nevado

diabetica no valle nevado

Estava parecendo o boneco da Michelin, por causa dessa roupa impermeável própria para a neve. Rodeada de neve, branquinha e congelante, eu estava sentindo um calor insuportável. Parecia que o sol estava mais perto, que estava refletindo na neve branca e queimando meu rosto, não sei o que aconteceu, mas a minha vontade era de colocar um biquíni e estender uma canga bem ali, naquele monte de neve.

Em Farellones, passamos rapidamente, pois a estação realmente estava fechada :(
Reparem que o calor já tinha tomado conta do meu ser e eu já estava de blusinha de manga curta.

diabetica em farellones

Objetivo: cumprido!

Nos dias 2 e 3 conheci o centro de Santiago e seus cerros (morros) com mirantes belíssimos.

O dia 4, ahhh o dia 4 foi especial. Conheci um lugar que criou raízes eternas em minha memória. Um dos lugares mais bonitos que já tive o prazer de ver pessoalmente, uma vista incrível, de encher os olhos: Cajón del Maipo.

foto panoramica de cajon del maipo

diabetica em cajon del maipo

Só isso, só essa vista, já me bastaria para ficar feliz. Mas eu e meu noivo decidimos fazer nossas fotos de“Save the Date” neste local. E olha, elas ficaram incríveis! (em primeira mão aqui no blog)

save the date em cajon del maipo

E como se tudo já não tivesse sido perfeito o suficiente, ainda tivemos um piquenique ao final do passeio. Confesso que tive dificuldades para fazer a contagem de carboidratos: tomei duas taças de vinho, comi uns doritos, salaminho, umas batatinhas chips, uns biscoitinhos com patê. Enfim, foi no “achômetro” mesmo. Mas aqui são somente 10 anos de experiência em contagem de carboidratos, então dá uma olhada nesse antes-depois da glicemia:

piquenique em cajon del maipo

glicemias na tela do Freestyle libre

Observação extra: esse foi o dia mais frio de toda a viagem. Quando olhei no celular, estava marcando 9ºC, mas tenho certeza que deve ter feito uns 6ºC ou menos. No início, cada pedacinho do corpo parecia congelado, principalmente o rosto. Depois, eu acabei me acostumando com a temperatura. Mas nem o frio atrapalhou a experiência de viver esse dia incrível.



Também conheci lugares lindos como Valparaíso e Viña del Mar, cidades do litoral do Oceano Pacífico:

escadarias de valparaiso

leao marinho em pose para foto

relogio das flores em viña del mar

Visitei a vinícola Concha y Toro:

entrada da vinicola concha y toro


vinicola concha y toro uva carnenere

Jantei no restaurante Giratório - outra experiência incrível, o restaurante fica no 18º andar de um prédio que tem uma vista de 360ºC para a cidade de Santiago. O mais legal é que o restaurante gira, bem devagar, enquanto a gente janta e contempla a paisagem. A gente começa a jantar em um ponto do restaurante e termina do lado oposto.

jantar no restaurante giratorio

Falando em vista, visitei também o Sky Costanera, que é o prédio mais alto da América Latina. Vi o pôr do sol e as luzes da cidade se acendendo. #whataview

por do sol no sy costanera

vista do alto do sky costanera

Com o Libre, foi muito fácil controlar o diabetes, ainda que eu não soubesse ao certo a quantidade de carboidratos de tudo que eu comi durante a viagem, eu sempre conseguia me guiar pelo gráfico de tendências do Libre. Gente, sério, o Libre é vida!!! O fato do país ser frio, não alterou em nada minha rotina ou a aplicação da insulina (não dói mais porque a temperatura está mais fria) e nem a própria insulina (não congela, não fica turva, nada disso acontece).

Mais um carimbo no passaporte e mais uma enxurrada de memórias vividas. Termino esse textão com a certeza de que o diabetes não nos limita!


3 comentários:

  1. Gostaria de saber mais sobre a imigração com deus medicamentos e agulhas, tinha receita medica 8indicando a quantidade ou do indicando que você é diabética ?

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    1. Oi Maria Eduarda, tudo bem?
      A imigração é super tranquila, nunca tive problemas. Levo comigo as duas coisas que você perguntou: um relatório, em português e inglês, escrito por minha médica atestando que tenho diabetes (ele começa naquele padrão: Nayama de Souza Leal, 31 anos, diabética tipo 1 desde 2007, em tratamento constante com bomba de infusão de insulina, etc). E levo também a receita discriminando TODOS os insumos que uso: agulha, cateter, qual tipo de insulina, reservatório, sensor, enfim, tudo: remédio e quantidade. Já visitei 9 países e nunca fui parada na imigração. As 2 experiências mais próximas disso aconteceu comigo no aeroporto de BH. Na primeira vez, o policial federal se assustou porque eu estava com uma caixa de agulhas. Mas mostrei a receita descrevendo o item e a quantidade, ele pegou a receita, mostrou para outra pessoa e voltou em seguida, me liberando. A outra vez foi numa porta de detector de metais. A bota que eu estava calçando apitou na porta, eu tive que tirar e a policial veio para me revistar. Ela perguntou o que era o aparelho, eu respondi e fui liberada na sequência.
      Então, relatório descrevendo a condição de diabética e receita descrevendo todos os remédios e quantidade são indispensáveis. Com eles em mãos, dará tudo certo na sua viagem.
      Beijos!

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