Quais foram as piores frases que já ouvi?


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Ter diabetes é sinônimo de ouvir muitas frases bizarras. Pode perguntar pra qualquer diabético, é quase como se fosse um ritual: a pessoa descobre que você tem diabetes e pronto, já fala uma besteira.

Já escutei muita coisa, algumas vezes fiquei com raiva, outras eu relevei. Mas nunca respondi ninguém mal, educação pra mim vem sempre em primeiro lugar.

E quais foram as piores frasesque já ouvi?
Vem comigo que te conto!

>>> Você já deve ter sido gorda né? Porque todo mundo que eu conheço que tem diabetes é gordo!

Não sei de onde a pessoa tirou essa conclusão. Eu estava dentro de uma loja, no provador experimentando uma roupa. Pedi ajuda à vendedora para fechar o zíper nas costas do vestido. Ela viu a bomba, perguntou o que era, eu respondi de forma objetiva e ela soltou essa pérola.

>>> Quando o rapaz que vende algodão doce passa aqui na rua, eu já falo com ele: para de me vender diabetes!

Gente, essa foi uma das frases que escutei e realmente fiquei com raiva, porque isso pra mim é muita falta de senso, é a pessoa ter zero informação sobre o que é diabetes e sair falando esse tipo de besteira, como se fosse uma piadinha legal, ironizando, quando na verdade ela não tem a mínima noção do que é ter diabetes, do que uma pessoa com diabetes enfrenta todos os dias, além de passar uma impressão de que é uma doença contagiosa, que você “pega” de algum lugar. Não gostei!

>>> Porque sua pele não é toda manchada?

Essa é bem curiosa. Não é o tipo de pergunta que eu ouço a todo tempo, aliás, ouvi apenas uma vez, mas foi uma das que ficou na minha cabeça. Essa frase eu ouvi de uma senhora que também tinha diabetes. Ela era tipo 2, porém mal controlada, até já aplicava insulina. Acontece que nem ela e nem a família dela tem zelo pelo tratamento da doença, isso faz com que as aplicações com seringa de insulina que ela ou os filhos fazem, machuque a pele, manchando o local. Se você aplicar insulina nos mesmos locais sempre, se não trocar a agulha de forma constante ou se não usar a agulha apropriada, isso interfere no tratamento, interfere na aplicação e na cicatrização daquele furinho que você fez em sua pele. Por isso a pele daquela senhora era toda manchada e ela se espantou quando eu disse que tinha diabetes, usava insulina e minha pele não era toda manchada como a dela.

>>> Por que tem que ser refrigerante zero se você está comendo brigadeiro?

Essa pergunta geralmente surge nas festinhas. E eu entendo, eu era essa pessoa que falava: nossa a pessoa tá comendo um sanduíche x-tudo com coca zero, não vai adiantar nada. Acontece que hoje eu tenho informação suficiente sobre contagem de carboidratos para entender que comer 2 brigadeiros de festa não é a mesma coisa de beber 2 copos de refrigerante comum. Não bebo mesmo, se tem a versão zero açúcar eu não vou aplicar “litros de insulina” para beber um refrigerante comum, que tem muuuuuito açúcar.

>>> Nossa, que dó, tão novinha. E você nem tem cara de quem tem diabetes!

A famosa “cara de diabetes” e as pessoas errando minha idade, de forma constante.

>>> Então você não pode comer doce né?

Essa é clássica. Escuto a todo tempo, principalmente em lugares onde não convivo. Inclusive, na empresa onde trabalho, em toda festa de fim de ano, fazemos inimigo oculto. Um rapaz, que havia entrado na empresa há poucos dias, me tirou nesse inimigo oculto. Sabendo que eu era diabética, ele me deu dois pacotes de bala de goma, achando que estava me sacaneando, afinal, diabético não pode comer doce, né?! Quando eu abri o presente e todos viram as balas, todo mundo caiu na gargalhada, contando pra ele que eu como balas sim, sem problema, que eu aplicava insulina para isso.

>>> Moça, tem uma tampinha grudada no seu braço!

Famoso Freestyle Libre! Haha. Em praticamente todos os lugares eu escutava isso: fila de supermercado, recepção de empresa, padaria, na rua, festas… Inclusive, em uma festa de casamento, eu estava na fila para pegar um drink, quando uma pessoa que estava atrás de mim puxou o meu sensor, que estava no braço. Eu puxei o braço e dei um grito: “Ei!”. E a pessoa, toda desconcertada falou: “Nossa, achei que era uma tampinha grudada no seu braço.” Mais uma pessoa sem noção.

.......

Essas frases são só alguns exemplos de como temos que exercitar a paciência e a empatia, que a capacidade de se colocar no lugar do outro. Nem sempre é fácil para nós diabéticos escutar essas baboseiras, mas é preciso lembrar que nem todos têm acesso à informação, nem todos querem receber informações e muitos não estão nem aí mesmo.

E eu digo isso com muita propriedade, pois minha avó tinha diabetes tipo 2, em uma época que eu não era diabética. E eu nunca procurei me informar, saber o que era, como cuidar, nada!

Mas independente disso, eu acho que temos que continuar disseminando informações corretas sobre o diabetes, apoiando e dando suporte. É totalmente possível viver bem tendo diabetes e essa é a mensagem mais importante e que deve ser amplamente comunicada.


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