Dialeto diabético: insulina basal, relação insulina/carboidrato e fator de sensibilidade


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Parece que o mundo do diabetes tem uma linguagem própria, um vocabulário exclusivo para quem é diabético.

Se você é diabético ou conhece alguém que seja, e ainda não conseguiu decifrar os códigos, vem cá que vou te ajudar com as 3 definições mais importantes para entender esse universo paralelo.


INSULINA BASAL

O pâncreas libera insulina para nosso corpo de duas formas: basal e bolus. Basal é a insulina "base" que mantém todo o nosso corpo funcionando bem. A insulina basal faz a glicose que o corpo produz entrar nas células, fornecendo ao organismo energia para manter os órgãos vitais e tecidos em funcionamento.

Como nós diabéticos não produzimos insulina, precisamos de um esquema no tratamento para garantir a insulina basal no corpo.

As insulinas que imitam a função da basal (que é liberada aos pouquinhos pelo pâncreas) podem ser: de ação intermediária ou NPH, que duram cerca de 12 horas no organismo ou de ação lenta, que duram cerca de 24 horas.

Eu já usei as duas: a NPH me dava alguns picos, então eu tinha quedas de glicemia e não conseguia controlá-la de forma efetiva. Mudei para a Lantus, que é de ação lenta e por um tempo, resolveu bem minha vida. Com a NHP, eu fazia 2 aplicações de insulina por dia e com a Lantus, apenas 1 aplicação.

E com a bomba, o aparelho simula a função do pâncreas e libera pequenas doses de insulina ultra rápida ao longo do dia, ou seja, a mesma insulina que eu uso para bolus.

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Já que falei duas vezes sobre “bolus”, essa é a outra forma que o pâncreas libera insulina no corpo, porém, em grandes quantidades, em momentos de maiores necessidades, como após as refeições.


RELAÇÃO INSULINA/CARBOIDRATO

Explicando de forma simples e direta: a relação insulina/carboidrato é basicamente o quanto de insulina você precisa aplicar para cada grama de carboidrato que ingere.

Essa relação é individual e somente para os diabéticos que fazem contagem de carboidratos. Os números são diferentes dependendo dos horários das refeições e da resistência do seu corpo à insulina.

Agora resgate seus dons em matemática, porque vamos fazer contas!

Para todo adulto que inicia a contagem de carboidrato, partimos de uma regra de três simples, onde 1 unidade de insulina ultra rápida cobre 15g de carboidratos ingeridos. É assim que se começa a contagem e no início há muito monitoramento da glicemias, para saber se essa relação está correta. E a medida que as glicemias são analisadas, essa relação muda.

Vou dar um exemplo MEU:

Em 2007, iniciei a contagem de carboidratos. Minha relação insulina/carboidrato para o horário do almoço começou com:

1 UI - 15g CHO

Ou seja, 1 unidade de insulina ultra rápida cobre 15g de carboidratos ingeridos. Hoje, minha relação insulina/carboidrato para o almoço está assim:

1 UI - 3g CHO

Isto é: eu uso 1 unidade de insulina ultra rápida para cada 3g de carboidratos que eu como. Se no meu almoço eu vou ingerir 30g de carboidratos, a regra de três é:

1 UI - 3g CHO
  X   - 30g CHO

X = 30/3
X = 10 UI

Assim, se eu como 30g de CHO no almoço, preciso aplicar 10 unidades de insulina ultra rápida.

Para cada horário do meu dia eu tenho uma relação insulina/carboidrato determinada pela minha endócrino, depois de muitas medições de glicemias e ajustes de dose.

Por isso, digo e repito, as doses para o tratamento são individuais.


FATOR DE SENSIBILIDADE

O fator de sensibilidade é a medida de quanto uma unidade de insulina ultra rápida é capaz de reduzir o valor da glicemia.

Eu sei, eu sei, parece complicado. Mas em termos práticos é assim: você mediu a glicemia e apareceu na tela do seu glicosímetro 250mg/dL. A pergunta é: quantas de unidades de insulina será preciso aplicar para diminuir a glicemia e fazer ela chegar a 140mg/dL? Para isso, você precisa saber qual é o seu fator de sensibilidade.

Para descobrir o fator de sensibilidade, é feita uma conta padrão:

Soma-se todas as doses de insulina que o diabético aplica no dia (insulina ação lenta + insulina ultra rápida). Você vai achar um número e depois vai dividir 1800 por esse número.

No MEU caso, a conta seria:

60 UI por dia
1800/60 = 30

Assim, meu fator de sensibilidade é 30. Então, para terminar a conta, vamos voltar ao exemplo da glicemia 250. Para que eu consiga descobrir quantas unidades de insulina eu preciso para diminuir a glicemia, a conta seria:

250 (valor da glicemia no momento) - 140 (valor da glicemia a que quero chegar) / 30 (fator de sensibilidade).

Melhorando:
250 - 140 = 110
110 / 30 = 3,7 UI

E voilà! Seria preciso 3,7 unidades de insulina ultra rápida para corrigir minha glicemia, se ela estivesse 250mh/dL.

É isso galera. Parece difícil no início, mas como praticamos todos os 3 termos de forma constante no dia-a-dia, como  tempo fica tão fácil quanto somar 1+1.


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